Planejamento
Fonoaudiológico
Classe
Hospitalar Espaço Acolher
(2017)
BASE
PARA TODOS OS PROJETOS: A oralidade, a leitura e a escrita.
PROJETO
CENTRAL: Imagens do Universo Amazônico na Classe Hospitalar
do Espaço Acolher.
EIXO:
Paisagens
Amazônicas: Interrelações de saberes
OBJETIVO:
Estimular a linguagem oral e escrita, voz
e audição através de atividades fono-pedagógicas propiciando várias formas de
aquisição de conhecimento, facilitando a comunicação e aprendizado junto ao
processo de aprendizagem escolar.
OBJETIVOS
ESPECÍFICOS:
- Estimular a
coordenação motora fina
- Desenvolvimento
cognitivo
- Estimular as
habilidades visuais
- Estimular as
habilidades auditivas
- Estimulação
oromiofuncional
- Adequação do
padrão vocal
- Promover a
percepção, fixação e automatização dos fonemas de acordo com a idade de
aquisição-fonológica.
- Desenvolver a
expressão (representação e externalização de pensamentos)
- Desenvolver e
aprimorar a narrativa oral e escrita
FLUXO
DE ATENDIMENTO FONOAUDIOLÓGICO: Todos os pacientes novos que
estão hospedados para tratamento de longa duração no Espaço Acolher serão
avaliados pelo fonoaudiólogo em relação aos aspectos relacionados à: linguagem
oral e escrita, motricidade oral, voz, audição, sociabilidade /interação e
cognição. Ao término serão dadas as devolutivas das avaliações aos responsáveis
e serão feitos os encaminhamentos necessários. Além das avaliações e
encaminhamentos as pacientes receberão a estimulação de acordo com as
dificuldades encontradas.
UNIVERSIDADE DO ESTADO
DO PARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS
SOCIAIS E EDUCAÇÃO
NÚCLEO DE EDUCAÇÃO
POPULAR PAULO FREIRE
PROJETO:
“RODA DE SENTIMENTOS”: UM DIÁLOGO FREIREANO
Educadora:
Priscila Costa Soares[1]
Professores responsáveis:
Profª
Drª Ivanilde Apoluceno de Oliveira
ProfºDrº
João Colares da Mota Neto.
1 - Justificativa
Por participardas aulas de
Educação Popular do Núcleo de Educação Popular Paulo Freire (NEP) da
Universidade do Estado do Pará, no Espaço Acolher, com mulheres jovens e
adultas (EJA) vítimas de escalpelamentoobservei a necessidade de promover um
espaço de escuta e diálogo voltado à questões psicoemocionais das envolvidas no
acidente, o que denominei de Roda de
Sentimentos.
Para Freire (2015, p.111)
“somente quem escuta paciente e criticamente o outro, fala com ele”, só quando paramos para exercer a escuta é que o diálogo
com o outro se torna possível, através deste simples gesto estamos dizendo ao
outro que estamos disponíveis à ele.
E o que é o diálogo? É
uma relação horizontal de A com B. Nasce de uma matriz crítica e gera
criticidade (Jaspers). Nutre-se do amor, da humildade, da esperança, da fé, da
confiança. Por isso, só o diálogo comunica. E quando os dois pólos do diálogo
se ligam assim, com amor, com esperança, com fé um no outro, se fazem críticos
na busca de algo. Instala-se, então, uma relação de simpatia entre ambos. Só aí
há comunicação. (FREIRE, 1983, p. 107).
Corroboramos com Freire que o
diálogo é estabelecido a partir de atitudes de amorosidade e confiança, quando
A e B sentem que podem falar sobre si e que não irão ser julgados ao exporem o
que pensam.Ao dialogar estabelecemos uma postura de interesse genuíno ao saber
do outro – no caso, as mulheres vítimas de escalpelamento – lançando-nos a
compreender e transitar em seus “mundos”, interpretando os seus sofrimentos,
mascom o cuidado de não assumirmos uma postura assistencialista.
Para Freire (1992, p.153)
Os
interditados, os renegados, os proibidos de ser não precisam de nossa
“modernidade”, mas de nosso calor, de nossa solidariedade e de nosso amor
também, mas de um amor sem manha, sem cavilações, sem pieguismo, de um “amor
armado” […].
A
amorosidade e a afetividade na relação com o outro é essencial; amorosidade
esta que ilumine as situações limites enfrentadas pelas mulheres na perspectiva
de encorajá-lasna busca de suas capacidades de lidarem com as suas próprias
ações e emoções. Com base nos aspectos citados acima que a Roda dos Sentimentos
foi pensada e alicerçada.
Neste sentido, a rodaconsiste
em uma intervenção grupal,de caráter psicopedagógico, na qual se dialoga sobretemas
que as próprias mulheres levantam, promovendo um espaço de diálogo e
compartilhamento entre elas – o que rotineiramente não seria possível na sala
de aula – buscando dissipar possíveis ansiedades e angústias que certamente se
fazem presentes no processo de ensino-aprendizagem.
A denominação “Roda dos
Sentimentos” foi inspirada nos círculos de cultura de Paulo Freire, nos quais
“educandos/as e educadores/as relacionar-se-iam segundo o princípio dialógico,
que aponta para uma não hierarquização das culturas que ali se encontram”
(CANDAU; LEITE, 2006, p.7).
Nesta perspectiva buscamos
compreendê-las e ajudá-las a pensar criticamente sobre si e seu contexto neste
momento delicado, incentivando a autodescoberta e a criatividade, considerando
a criatividade em seu aspecto mais amplo, onde se cria novas formas de ser e
estar no mundo de modo a se reinventar frente as diversidades(ZINKER, 2007).
Esperamos que o projeto Roda de Sentimentos influa sobre o processo de
ensino-aprendizagem na classe hospitalar de EJA, contribuindopara uma maior
fluência do diálogo das alunas para com os professores durante as aulas do NEP
e consequentemente para a facilitação do aprendizado.
Pretendo,
ainda, a partir do diálogo,ajudá-las a minimizar o sofrimento emocional, dispondo
um espaço onde elas possam se expressar, discutir diferentes assuntos de seus
interesses e cotidiano.Estimular apensarem e agirem criticamente sobre si e seu
contexto, reconhecendo-se mulheres autoras de suas próprias histórias com
autonomia e liberdade.
2
- Lócus:
Sala
de aula do Espaço Acolher, lugar familiar à elas, onde diariamente acontecem as
aulas, mas desta vez não estarão reunidas para aulas e sim para dialogarem
sobre si e levantarem questões pessoais de interesse pessoal.
Local
amplo, que conta com uma infraestrutura (mesas e cadeiras) para receber as
mulheres e realizar as atividades que surgirem.
3 – Participantes:
Mulheres vítimas de escalpelamento da classe
hospitalar da Educação de Jovens e Adultos (EJA) do Espaço Acolher.
Conto
com a participaçãoda psicóloga voluntária no local Luciana Moreira D’Almeida,da
pedagoga do Núcleo de Educação Popular Paulo Freire (NEP) Luciana Cruz do Carmoe
da assessoria pedagógica a professora doutora Ivanilde Apoluceno de Oliveira.
4 – Objetivos:
·
Minimizar o sofrimento durante a estadia das
mulheres vítimas de escalpelamento no espaço perante o diálogo;
·
Proporcionar momento de escuta e diálogo acerca
de questões pessoais;
·
Auxiliá-las a pensarem criticamente acerca dos
temas que elas propuserem;
·
Auxiliá-las na reconstrução da autoestima
positiva e autonomia;
·
Colaborar para a fluência do diálogo e da
aprendizagem quando estiverem em aula na classe hospitalar.
5- Metodologia:
As rodas de sentimento serão
realizadas uma vez por semana,às quartas-feirasà tarde, às quinze horas, onde
as educandas poderão participar de um momento diferenciado das aulas de
Educação de Jovens e Adultos do Núcleo de educação popular Paulo Freire, que
também faço parte.
NaRoda de Sentimentos serão
realizadas além das rodas de conversas, outras dinâmicas de caráter psicopedagógicas
que viabilizem a escuta, o diálogo, a criatividade, a compreensão de si e do
outro.
As rodas de sentimentos terão
por base um tema gerador proposto pelas próprias educandas. Temas que perpassam
por questões sociais e também pessoais, envolvendo o ser mulher, a autoestima,
o autocuidado, o preconceito, família, trabalho, entre outros.
Pretendo no decorrer dos encontros utilizar
diferentes técnicasque facilitem a expressão e o diálogo acerca do tema
sugerido, como desenhos, pinturas,músicas, utilização de imagens, dinâmicas de
grupo, etc.
6
– Recursos:
·
Papel A4, cartolina, caneta, lápis, lápis de
cor, giz de cera, tesoura, barbante, tesoura, jornais e revistas, caixa de som,
computador.
7- Temas a serem trabalhados:
Os temas a seguir poderão ser
abordados durante os encontros, contudo ressalto que poderão ser modificados de
acordo com a necessidade e interesse das educandas.
2017/1ºsem.
|
Roda
do Sentimentos: um diálogo freireano
|
MÊS
|
TEMAS
|
MARÇO
|
“Ser mulher”, discussões sobre gênero e
sexualidade.
|
ABRIL
|
Autoimagem e autoestima: “como estou me sentindo?”.
Preconceito.
|
MAIO
|
Família: saudade, conflitos, abandono e apoio.
|
JUNHO
|
Meios de subsistência.
|
Os temas previamente referidos
foram elaborados de acordo com os temas geradores que as educandas apresentaram
a partir das vivências na Roda dos Sentimentos no semestre anterior.
Serão agregadas às rodas de sentimentos,oficinas
para confecção de materiais artesanais. O objetivo é arrecadar os materiais
confeccionados pelas educandas para exposição e venda ao final do semestre
(data que ainda será pré-programada de acordo com os requisitos necessários) no
hospital Santa Casa de Misericórdia,a renda arrecadada será destinada às
educandas.
Nestas oficinas ocorrerão ampla troca de
saberes entre as educandas,que poderão compartilhar conhecimentos sobre
materiais que sabem e gostam produzir, e nós, eu e a pedagoga Luciana, iremos
levar novas ideias e formas de utilizar diferentes materiais, fazendo de cada
oficina uma nova construção. Através das oficinas pretende-se promover um
momento de descontração e criatividade que poderá contribuir diretamente para a
construção de uma autoestima positiva e para o empoderamento das educandas.
REFERÊNCIAS
CANDAU, Vera Maria; LEITE,
Mirian Soares. Diálogos entre diferença e educação. In: CANDAU, Vera Maria
(Org.). Educação intercultural e
cotidiano escolar. Rio de Janeiro: 7Letras, 2006. (p. 121-137).
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 14ª
ed. Rio de Janeiro: Paz e terra, 1983.
___.Pedagogia da esperança: um reencontro com a Pedagogia do oprimido.
16ª ed. Rio de Janeiro: Paz e terra, 1992.
___.Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa.
51ª ed. Rio de Janeiro: Paz e terra, 2015.
ZINKER, Joseph. Processo criativo em Gestalt-terapia. São
Paulo: Summus, 2007.
[1]Psicóloga,
membro do Núcleo de Educação Popular Paulo Freire da Universidade do Estado do
Pará e mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação da UEPA
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