Experiência em classe hospitalar no Pará vira capítulo de
livro
Professoras
que atuam na classe hospitalar do Espaço Acolher, vinculado à Santa Casa do
Pará, lançaram, na noite desta terça-feira, 30, no estande da Secretaria de
Estado de Educação (Seduc), na XXI Feira Pan-Amazônica do Livro, o artigo
intitulado “Saberes, práticas e currículo na perspectiva Freiriana: Reflexões
sobre a Classe Hospitalar na Amazônia”, que integra a coletânea “Classe
Hospitalar – a tessitura das palavras entre o escrito e o vivido”, uma reunião
de textos narrativos de experiências similares em todo o País. As autoras do
artigo são as professoras paraenses Ivanilde Oliveira, Gilda Saldanha e Denise
Mota.
Uma delas, a pedagoga
Gilda Saldanha, conta que a classe hospitalar começou no Pará há 15 anos. Hoje,
o programa da Seduc está presente em nove hospitais e o objetivo é o resgate da
escolarização de crianças em tratamento de saúde. No artigo lançado, a professora
e as demais autoras contam a experiência específica do espaço Acolher, fundado
em 2006 para dar apoio às meninas vítimas de escalpelamento, que precisavam
ficar longos períodos internadas na Santa Casa – hospital de referência para o
tratamento desse tipo de caso – e acabavam se afastando da escola. “A
experiência da classe hospitalar do Pará tem essa especificidade, que é o
acompanhamento de meninas vítimas de escalpelamento. Para dar conta delas,
trabalhamos com a realidade delas, os saberes e cultura que elas trazem. Ou
seja, partimos do local para o global e isso tem dado muito certo”, explicou.
O trabalho é saudado pela
coordenadora do espaço, a assistente social Maria Luzia de Matos, que fez
questão de comparecer ao evento no estande da Seduc. “Costumo dizer que a
classe hospitalar é o carro chefe do espaço Acolher, pois o grupo de
professores que temos lá, enviado pela Seduc, é um grupo extremamente
competente e que usa uma metodologia própria para trabalhar com as ribeirinhas.
As meninas se interessam muito, voltam a tomar gosto pela escola e isso é
maravilhoso para o processo, elas aprendem muito melhor”, avaliou.
A afirmação é ratificada
pela jovem Regiane Silva, de 20 anos, do município de Muaná, no Marajó. Ela
precisou passar pelo espaço depois de sofrer o escalpelamento e agora conta com
a ajuda das professoras do projeto para se preparar para o Exame Nacional do
Ensino Médio (Enem). “Não fiquei muito tempo no espaço, mas gostei muito das
professoras. Agora, como estou aqui em Belém para dar continuidade ao meu
tratamento, estou indo lá com elas para me darem uma força na preparação ao
Enem. São professoras muito boas e que exigem dedicação da gente”, relatou a
moça, que ainda não se decidiu sobre a carreira profissional que vai seguir.
A coordenadora da política
de escalpelamento no Pará, Socorro Silva, ressaltou a importância da parceria
entre as áreas da saúde e educação para o enfrentamento ao problema do
escalpelamento. Nenhum caso foi contabilizado até agora no Pará, neste ano. Contudo,
segundo ela, ao longo da história, há 46 municípios em todo o Estado com
registro de casos, sobretudo na região do Marajó e na área de abrangência do
rio Tocantins. “A gente costuma dizer que tendo barco e água, há risco. E esse
trabalho de parceria com a Seduc tem sido determinante para chegarmos ao
público de primeira a quarta série do Ensino Fundamental, que, em muitos
locais, vai sozinho pra escola de barco. É aí que o cuidado precisa ser
redobrado”, frisou.
Fonte:
http://www.seduc.pa.gov.br/site/seduc/modal?ptg=7257
Por
Elck Oliveira
Fotos:
Fernando Nobre
Ascom/Seduc
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