quinta-feira, 1 de junho de 2017

Experiência em classe hospitalar no Pará vira capítulo de livro

Professoras que atuam na classe hospitalar do Espaço Acolher, vinculado à Santa Casa do Pará, lançaram, na noite desta terça-feira, 30, no estande da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), na XXI Feira Pan-Amazônica do Livro, o artigo intitulado “Saberes, práticas e currículo na perspectiva Freiriana: Reflexões sobre a Classe Hospitalar na Amazônia”, que integra a coletânea “Classe Hospitalar – a tessitura das palavras entre o escrito e o vivido”, uma reunião de textos narrativos de experiências similares em todo o País. As autoras do artigo são as professoras paraenses Ivanilde Oliveira, Gilda Saldanha e Denise Mota.

Uma delas, a pedagoga Gilda Saldanha, conta que a classe hospitalar começou no Pará há 15 anos. Hoje, o programa da Seduc está presente em nove hospitais e o objetivo é o resgate da escolarização de crianças em tratamento de saúde. No artigo lançado, a professora e as demais autoras contam a experiência específica do espaço Acolher, fundado em 2006 para dar apoio às meninas vítimas de escalpelamento, que precisavam ficar longos períodos internadas na Santa Casa – hospital de referência para o tratamento desse tipo de caso – e acabavam se afastando da escola. “A experiência da classe hospitalar do Pará tem essa especificidade, que é o acompanhamento de meninas vítimas de escalpelamento. Para dar conta delas, trabalhamos com a realidade delas, os saberes e cultura que elas trazem. Ou seja, partimos do local para o global e isso tem dado muito certo”, explicou.

O trabalho é saudado pela coordenadora do espaço, a assistente social Maria Luzia de Matos, que fez questão de comparecer ao evento no estande da Seduc. “Costumo dizer que a classe hospitalar é o carro chefe do espaço Acolher, pois o grupo de professores que temos lá, enviado pela Seduc, é um grupo extremamente competente e que usa uma metodologia própria para trabalhar com as ribeirinhas. As meninas se interessam muito, voltam a tomar gosto pela escola e isso é maravilhoso para o processo, elas aprendem muito melhor”, avaliou.

A afirmação é ratificada pela jovem Regiane Silva, de 20 anos, do município de Muaná, no Marajó. Ela precisou passar pelo espaço depois de sofrer o escalpelamento e agora conta com a ajuda das professoras do projeto para se preparar para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). “Não fiquei muito tempo no espaço, mas gostei muito das professoras. Agora, como estou aqui em Belém para dar continuidade ao meu tratamento, estou indo lá com elas para me darem uma força na preparação ao Enem. São professoras muito boas e que exigem dedicação da gente”, relatou a moça, que ainda não se decidiu sobre a carreira profissional que vai seguir.

A coordenadora da política de escalpelamento no Pará, Socorro Silva, ressaltou a importância da parceria entre as áreas da saúde e educação para o enfrentamento ao problema do escalpelamento. Nenhum caso foi contabilizado até agora no Pará, neste ano. Contudo, segundo ela, ao longo da história, há 46 municípios em todo o Estado com registro de casos, sobretudo na região do Marajó e na área de abrangência do rio Tocantins. “A gente costuma dizer que tendo barco e água, há risco. E esse trabalho de parceria com a Seduc tem sido determinante para chegarmos ao público de primeira a quarta série do Ensino Fundamental, que, em muitos locais, vai sozinho pra escola de barco. É aí que o cuidado precisa ser redobrado”, frisou. 

Fonte: http://www.seduc.pa.gov.br/site/seduc/modal?ptg=7257


Por Elck Oliveira
Fotos: Fernando Nobre
Ascom/Seduc











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