NAVEGANDO NAS REDES DE APRENDIZAGEM

Poemas de Miriti inspiram meninas vítimas de escalpelamento no Pará

14/06/2018

Pacientes vítimas de escalpelamento e que ficam hospedadas no Espaço Acolher, da Fundação da Santa Casa de Misericórdia do Pará, tiveram, na tarde desta quarta-feira, 13, o encerramento do projeto Didático “Traçando Saberes em Poema de Miriti”. A atividade teve como base o livro Poemas de Miriti, de Edithe Pereira e Luiz Carlos França e compôs a doação de livros realizada ao Espaço pelo projeto Livro Solidário, coordenado pela Imprensa Oficial do Estado.

A obra foi amplamente trabalhada entre as meninas que passam por tratamento após o escalpelamento. Elas extraíram referências dos poemas para sua realidade e trocaram experiências entre si. O resultado foi o enriquecimento mútuo de histórias de vida, além da montagem de uma maquete simulando a área ribeirinha de onde muitas das meninas se originam.

Na ocasião, esteve presente a autora do livro, Edithe Pereira, que respondeu a perguntas sobre a obra. Ela falou que o sentido inicial da obra estava, naquele momento, sendo ampliado e ressignificado.

“A importância primeira que esse livro teve pra mim passou a ser a importância que foi dada, a partir de hoje, nesta atividade”, comentou, emocionada. Para ela, o simples fato de um livro poder contribuir para alimentar e promover novas leituras, faz dele (o livro), um instrumento de mudança. “Ele atinge sua finalidade”.

A coordenadora do Espaço Acolher, a assistente social Luzia Matos, informou que o Espaço Acolher, por meio da Classe Hospitalar da Seduc, não leva em consideração, para o atendimento, a quantidade de pessoas que estão no Espaço; ou seja, o objetivo é que ninguém fique com o processo educativo parado por conta do problema pelo qual passou.

“Aqui, atendemos a várias meninas ou a apenas uma; não importa a quantidade. Importa que a qualidade e continuidade do ensino sejam atingidas”, observou.

Para os representantes da Imprensa Oficial presentes à reunião, Augusto Henrique Neto e Carmen Palheta, a simples oportunidade de a autarquia poder colaborar com o trabalho do Espaço Acolher, se revela como o dever que, como ente público, o órgão possui.

“É uma honra poder agregar nossos saberes e missão para um trabalho tão importante como esse”, disse o diretor técnico da IOE, Augusto Neto.

Para a coordenadora do Livro Solidário, Carmen Palheta, a experiência de lidar com o livro e extrair dele ensinamentos e conhecimentos se alia ao objetivo maior de sua existência, que é promover a inclusão social e a releitura de vidas. “E essa missão é também do projeto Livro Solidário”.

Além das três meninas que hoje estão em tratamento e hospedadas no Espaço, o encontro contou com a presença das professoras Denise Mota, Gilda Saldanha, Micheline Banhos e Rita Figueiredo, além da fonoaudióloga Milena Freitas.

Escalpelamento - Os casos de escalpelamento no Pará estão em declínio, graças ao trabalho que a equipe da Comissão Estadual de Enfrentamento dos Acidentes com Escalpelamento, da Secretaria de Estado de Saúde Pública, tem desenvolvido.

Estatísticas mostram que há registros de casos desde 1979, período em que já havia a disseminação de motores a diesel, geralmente vindos de garimpos que eram modificados (e ainda são) e colocados em pequenas embarcações.

O desafio de erradicar os acidentes de motor requer estratégias e parcerias de enfrentamento aliadas às novas tecnologias, principalmente no sentido de intensificar a conscientização e informação.

Nesse sentido, a Sespa lançou a cartilha “Vamos acabar de vez com o escalpelamento”, com ilustrações me formato de quadrinhos onde os personagens tratam, em ambiente regional e ribeirinho, sobre como evitar os acidentes. A cartilha e demais material de divulgação são levados a famílias ribeirinhas de várias regiões do Estado.