quarta-feira, 8 de novembro de 2017

JOVEM ESCALPELADA ULTRAPASSA BARREIRAS PARA FAZER ENEM ESSE ANO

Desde os 12 anos, quando sofreu um acidente de barco na cidade onde nasceu, Ana Alice, agora com 18 anos, divide sua vida entre os municípios de Belém e Bagre, cidade localizada no arquipélago do Marajó. Há oito anos a jovem faz tratamento e diversas intervenções cirúrgicas para reduzir os traumas do escalpelamento, acidente que sofreu ainda criança quando caiu no motor de uma embarcação que arrancou bruscamente seu couro cabeludo. As informações são do G1 Pará.

Entre idas e vindas, Ana Alice acabou crescendo entre médicos, psicólogos, fonoaudiólogos e toda a equipe multidisciplinar que lhe atende na Fundação Santa Casa de Misericória do Pará. Mas além de profissionais da saúde, professores também participaram do cotidiano da menina por meio da Classe Hospitalar do Espaço Acolher, ação que integra o Programa de Atenção a Vítimas de Escalpelamento da Fundação, que assegura a educação, em todos os níveis de educação básica e na modalidade Educação de Jovens e Adultos, para esses pacientes e aos acompanhantes das vítimas que ficam hospedados no Espaço.

Aluna regularmente matriculada na Escola Julião Betouso de Castro, em Bagre, Ana Alice foi uma das pacientes que deu continuidade ao aprendizado dos conteúdos regulares na Classe Hospitalar. Dessa forma, ela conseguiu concluir o Ensino Fundamental, concluirá no final deste ano o Médio e tem se preparado para o Enem.

Transpondo barreiras e preconceitos, a jovem agora busca uma nova etapa para sua vida. “Vou fazer o Enem e meu sonho é passar no vestibular. Quero ser assistente social para poder ajudar as diversas pessoas do meu município que tanto precisam de ajuda”, disse.
Mas para realizar esse sonho, ela conta que também tem todo o apoio de sua família. “Meus pais ajudam muito, me apoiam e me deixam despreocupada de tudo para que eu possa me dedicar aos estudos e ao meu tratamento. Aqui tenho professores que me ensinam cada matéria e lá em Bagre tenho o apoio de todos os professores e dos colegas também. Nunca sofri qualquer constrangimento e isso ajuda muito. Quero dizer para as pessoas que passaram pelo mesmo problema que o meu que, independe de qualquer dificuldade, sonhar e acreditar que tudo pode acontecer é a melhor coisa a fazer no meio de tanto sofrimento, por isso, não desistam”, finalizou.

O projeto – Iniciado em 2009, o projeto da “Casa Hospitalar” é executado pela Secretaria de Educação do Pará (Seduc) em nove unidades hospitalares, incluindo o Espaço Acolher da Santa Casa. Denise Soares da Mota, coordenadora do projeto no Espaço Acolher, conta que as vítimas de escalpelamento são oriundas de vários municípios paraenses e que quando recebem alta médica, são encaminhadas para uma avaliação, onde são identificadas todas as necessidades de cada uma das vítimas e uma delas é a de assegurar a educação, em todos os níveis de educação básica e na modalidade Educação de Jovens e Adultos, para pacientes e seus acompanhantes.

“É montado um caderno pedagógico individualizado para cada criança e trabalhamos com multisséries de acordo com as necessidades de cada um. É o caso da Ana Alice, que se divide entre os estudos da sua escola de origem e os daqui. Quando ela faz avaliações conosco sempre enviamos relatórios para a escola de Bagre para que eles acompanhem o que é feito por nós para que os estudos se complementem”, explicou.

No caso da Ana Alice, ela ainda acabou perdendo um ano letivo, quando sofreu o acidente, mas depois que ela entrou na Classe Hospitalar isso não aconteceu mais. Estamos muito felizes com o empenho e a dedicação dela. É uma menina muito esforçada e que se superou. Seu acidente foi muito grave, mas ela vem conseguindo superar todos os obstáculos. Estamos torcendo para seu sucesso no Enem”, finalizou a coordenadora.



Fonte: https://g1.globo.com/pa/para/enem-para/2017/noticia/entre-a-sala-de-aula-hospitalar-e-o-ensino-regular-jovem-escalpelada-ultrapassa-barreiras-para-fazer-o-enem.ghtml


Nenhum comentário:

Postar um comentário